Minha mãe sempre dizia: Fecha esta cortina e apaga a luz. Eu teimoso como toda criança, me colocava em uma pequena fresta daquele macio tecido, e olhava um por um todos os clarões, de um tempo no qual os prédios não impediam minha visão.
Um após o outro eles caiam. Eram de uma clareza sem fim. Depois um estrondo. Quase que ensurdecedor. Até que aprendi que eram resultado da proximidade, e assim, já levava comigo a calculadora, e aquela conta doida se fez presente por muito tempo.
Os prédios vieram, e taparam a minha inocência.
Mas os ráios ainda cairam. Como um de agora mesmo. Clareou minha história, e fez-me sentir gostos já não sentidos. Sorri. Buscando até possivelmente novas posturas.
O estrondo fez com que eu percebesse que talvez fosse distante a história. E ele se fez.
Corri para a calculadora e arrisquei de cabeça fazer a equação. Nada. Não recordei os números, nem o gosto da boca.
Previsão do tempo: Falta muito para outros temporais.
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