25.4.06
Sonhos... Daqueles que acontecem quando dormimos
Não escreveria por hoje. Na verdade a ausência de tempo e o projeto aqui na minha frente, com cara de fragilidade, inacabado, e sem rumo, não deveria estar tão oblíquo aos meus olhos, mas cheguei exausto, de um não sei o que. 14h30, cama. Para só voltar à realidade, por volta das 18 horas.Hoje acordei pela manhã atrasado. O cúmulo do absurdo para quem trabalha somente dois dias na semana. Mas a sensação imediata após o primeiro sorriso, era de que magicamente, alguma coisa foi quebrada na minha alma. Não sei se é um sentimento explicável. Mas algo foi quebrado. Espiritualmente? Talvez. Forças trabalham por mim, isso não seria impossível. Fui trabalhar. Claro que apaguei o compromisso da memória. Mas fui salvo por uma ligação no telefone móvel. Almoçamos. Fazia tempo que não comia tão saborosamente um prato. Tão bem acompanhado também. Risos. Uma ligação inoportuna. Meu bico temporário. Despedida. Metro. Casa. Cama. Talvez só a quebra espiritual fosse a explicação para o meu cansaço.Sem explicações. Sonhei. Segue o Sono. Nos fragmentos, típicos dos meus.Eu, papai, mamãe no carro.Um carro desconhecido e novo.Estrada de terra.Via sem saída.Manobra arriscada do meu pai.Embora eu dissesse o lugar certo.Tombo do carro. Estavamos salvos.Marcha ré íngrime.Subi a rampa.Cheguei a um estacionamento.Casa grande.Um escritório.Os seguranças.Ajudando meu pai.Eu sentado no chão.Com 5 jovens em torno de mim.Conversávamos, tanto.Afinidades.O carro subia em uma espécie de corda.O papo era muito cheio de prazer.Novas amizades.Igreja.Grupo de 300 jovens.Eu no comando.Briga com o velhinho.Falava tudo o que queria.Jovens não viam.Caminhavam para o local mais perto.Crisma.Eu duvidava da minha participação por lá.Não encontrava um paramento.O trânsito nos atrapalhava de chegar.Festa de Casamento.Toda a família lá.Eu em um canto.Conhecia parentes que nunca vi.Tentava me livrar.Desocupava as mãos e não bebia.Não conseguíamos sentar juntos.A comida não rolava.O espaço da festa era uma escola.Juntei todos.Mas sofria por isso.Um cigarro no pátio.Jovens me olhavam.Era como se eu fosse especial.Ou uma presença marcante.Chamava a atenção.Noivos.Comida rolando.Fui embora, porque acordei.Meus sonhos são assim. Fragmentados em cenas, que se estáticas, continuam o enredo. Coloridos, ousados, excêntricos, sem explicação. Mas desse e de tantos outro lembro os detalhes todos. Se algum José do Egito passar por aqui, faço questão que interpréte, e diga verdades núas e cruas, sobre os meus sonhos.
24.4.06
Não troco...
Olhando minha foto de criança,decido continuar como estou,e somente olhar o passado como construção,e como único caminho de crescimento.Talvez escreva tantos textos sobre ela,mas agora fica só o agradecimento,um silencioso carinho, para os seres que me envolveram e fizeram,com que eu crescesse, e chegasse aos meus 28 anos,quase 29 anos de vida.Todos foram importantes, todos, meus pais, que aceitaram a missão de criar, um ser que não geraram,toda a família, e cada apertada em minhas bochechas,as professoras, os vizinhos,a escola, as faculdades,os amigos e ambientes de trabalho,relacionamentos,a amada...Enfim, o agradecimento em palavras, que podiam ser bem melhores, mais profundos, para dizer o quão grande sou agora,assim...... muita coragem, colocar uma foto... mas... do último domingo, de surpresa, com os amigos...
Eu e tú.
Eu contigo,Tu comigo, caminhando onde "tús",transformam-se somente, em "eus".Quando um "eu" começa a existir,não se caminha.Se voa?Se voa!Besteiras de quem está no ônibus, sem nada para fazer.
Innerlichkeit . *
Instruções para a leitura do texto:
1. O Texto é longo.
2. Será melhor aproveitado se lido junto com a música: Less Than a Pearl. Enya. (rádio uol)
3. Acenda um incenso, apague as luzes, e faça a viagem comigo...
4. É um texto só para quem me ama... Exite alguém? Boa Viagem, amigos e amigas.
Entrava ele mesmo pela sua goela abaixo, para ver o que havia em seu interior. A medida de todas as coisas era, ele. E enfiar-se, obrigatoriamente dentro de si, talvez ajudasse a conhecer-se mais.Viu-se em um abismo profundo. Escuridão que só não era total por uma pequena e trêmula luz, longe, muito longe de si.Movimentou-se, para alcançar a luz, mas percebeu que seus pés estavam fincados no solo, passado.Um primeiro desafio. Soltar-se e dar passos. Chorou amargamente, e à medida que as lágrimas escorriam, umedecia o solo, raiz do seu tempo, e os pequenos movimentos começaram a surgir e vagarosamente caminhou, assistindo o passado, tantas cenas, recordações, esquecimentos, tudo lá, e os anos se aproximando-se do hoje.Fechou os olhos, chorou mais, gritou diante de cenas, já que agora era expectador de sua própria vida.Chegou ao seu presente. Virou-se corajosamente, e agora avistava o emaranhado de coisas vividas. Ajoelhou-se, e de joelhos, reverenciou o passado, sua história, sabendo que agora deixava para o passado o seu próprio passado. As lágrimas secaram, embora precisasse ainda chorar. Na boca um gosto amargo se fez.Aproximou-se da luz. Era mais um túnel cumprido que estava diante de si.Atravessou-o, queria entender de onde vinha tanta coragem.Os passos foram dolorosos, mas chegou à luz, e sentiu a leveza, tão logo atravessou o umbral.Uma nova porta era oferecida. Se não ultrapassasse as barreiras do passado, chegaria a lugar desconhecido e se perderia para sempre no nada. Respirou e foi.E sentiu uma nova força e um gosto doce e saboroso nos lábios.Agora via dentro de si um lugar que há muito habitava seus sonhos.Um imenso gramado verde e o campo de girassóis. Aquele lugar existia, ele estava lá.Tirou dos pés as velhas sandálias, e viu seus pés ser recompondo, feridas e calos desfeitos, eram jovens e lindos novamente.Caminhou pela grama úmida, agora não de lágrimas, mas do orvalho da manhã que se fazia. O sol brilhava, tocava a pele, mas não se precisava de proteção alguma.Olhava os girassóis ao longe, e caminhava em rumo aos pequenos caminhos que se faziam entre eles.Pareciam grandes ao longe, mas na verdade, tinham exatos, 1,65 de altura. O tamanho ideal, para que seus 1,78 metros, estivessem um pouco acima, para que se inclinasse e enxergasse toda a beleza.Na entrada do caminho para o qual se dirigira, encontrou uma veste branca e não pensou duas vezes em trocar as negras vestes. Sabia que aquele branco tinha um significado especial. Mas não o significado que todos dão ao branco, tão batido de pureza.Significava simplesmente: o Novo.Despiu-se.Vestiu-se. Aquele tecido leve, lhe garantia liberdade total de movimentos, um frescor e a alegria, inigualável do momento. Um lírio em meio aos girassóis. Cantou o hino que era atribuído ao rei Salomão."Olhai os liros do campo, que não tecem nem fiam, porém nem Salomão, em toda a sua Glória, jamais se vestiu como um deles".Entrou no campo de girassóis e lembrou-se dela. E suplicou mais uma vez por sua felicidade, olhando para o céu, pois queria vê-la bela como um girassol. Rodopiando o seu corpo, para ter sempre a luminosidade na face, e vencer assim, iluminada, todos os desafios da vida.Suspirou.Respirou longamente.Ela era seu passado e seu presente. Mas a dúvida de se ela seria o seu futuro, não mais incomodava.No final do campo, avistou um lugar que por ele estava abandonado há muito tempo.Uma construção pequena, mas sua. Os únicos tijolos que na sua vida eram realmente seus.A aparência de desprezo e abandono o amargurou.Como pode abandonar dentro de si este espaço?Uma limpeza recuperaria a sacralidade do local.Tirou as vestes, limpou exaustivamente cada canto. Cada pequeno canto. Sem deixar vestígios de abandono.Vestiu-se. Era novamente novo.Acendeu todas as velas e abriu a cortina da grade, e elas estavam lá, como sempre, as rezadeiras empenhadas com lâmpadas acesas nas mãos.Em um canto, percebeu o novo lugar marrom. Ele brilhava. Acendeu um incenso de cheiro bom por todo o espaço.Prostrou-se no centro do círculo e por horas a fio, meditou.Nas poucas vezes que abriu os olhos, viu as monjas ainda com velas nas mãos, e o cantinho marrom, mais brilhante do que nunca.No fim de seu êxtase, levantou-se, inclinou-se agradecido, como que fazendo o agradecimento de artistas no palco.Sabia que só tinha meditado o futuro. Livre, realmente livre de todos os seus outros tempos, fazendo assim uma segura projeção.Tudo o que dependia dele, aconteceria. Os outros, não estavam mais em seus planos. Vida Nova.E saiu de seu espaço, alcançando sua vida externa, e sendo saudado por todos os seus amigos, que enchiam sua casa de vida, luz, e alegria.Fazendo o pacto de sempre retornar ao seu interior, agora sem passado. E o passado seria claro, como o presente e o futuro.* Innerlichkeit = Conceito alemão de difícil tradução para outras línguas, do mundo medieval, e sobrevivente até nossos dias, que em português tem com tradução: Interioridade. Para que "interioridade" venha a se desenvolver, é necessário que o indivíduo "se volte para dentro", onde descobre o mundo mais ou menos belo de suas disposições e sentimentos, e ocupe-se disso de modo consciente.
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