Entre as últimas leituras que chegaram sorrateiramente e furaram a fila inúmera dos livros que ficam olhando para mim em frente à escrivaninha, o livro “Silêncio, por favor.”, acabou tomando a minha atenção pelo menos por três horas completas.
Sou professor, já sabem, e eu cheguei a conclusão outro dia, que na verdade sou pago para pedir silêncio, algumas vezes com toda educação do mundo, e em outras, gritando... Será que funciona gritar por silêncio?
A melhor das comprovações é que o silêncio que peço é em vão. Os alunos sempre serão ruidosos, pois estão em um mundo de ruídos.
Assim, ruído atrai ruído.
E nem nosso mundo... Diferentemente do mundo Antigo, da Idade Média, Moderna... Nosso mundo contemporâneo é repleto de ruídos. Benditas máquinas que nos impedem de ouvir os pássaros, o vento, a chuva ou até os ruídos das crianças brincando nas praças, parques...
Para nos protegermos dos ruídos, acreditem, acabamos por produzir mais ruídos. É necessário então, para esta proteção, correr e ao chegar em casa ligar no último volume a televisão, o som, ou a fonte artificial que produz o barulho da água corrente.
Mas não esqueça... São ruídos... E eles logo serão interrompidos por um grito desvairado de um vizinho, pelo carro que passa vendendo frutas, por um outro que quer que gostemos de sua música alta.
Silêncio, por favor.
Como se para esta produção o mundo fosse parar só para eu escutar, algo que nem sei como é... O Silêncio.
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