sabato, agosto 11, 2012
Dona flor e seus dois maridos.
Dona Flor tem dois maridos, por que assim não poderia ser?
Porque homem nunca, nunca, completo diante de uma mulher, vai ser.
Um chegava de mansinho, outro gritando meu amor.
Um a enchia de lirismo, outro chamava-a de puta, sem pudor.
Um masturbava-a num cantinho, outro masturbava o seu ser.
Um a enchia de flores, outro sabia a hora da porrada.
Um cantava no ouvidinho, ou outro a fazia de escrava.
Um sabia a hora certa,outro nem queria saber a hora.
Um pagava as contas todas, o outro a explorava.
Um aparecia todo dia, o outro na hora do tesão.
Um boca no guardanapo,o outro arroto, cuspida no chão.
Um não olhava nem para o lado,
o outro pagava de garanhão.
Um adivinhava, ela está com problema,
o outro acabava na cama com o dilema.
Um fazia amor silêncioso,
o outro sexo selvagem.
Um comia garfo e faca, o outro metia a mão na carne.
Um queria três crianças, o outro só queria malandragem.
Um respeitava o fluxo, o outro queria-o todinho.
Um levantava a tampa da privada, o outro, mirava lá e no chão.
Um lia poemas no leito, o outro assistia pornografias sorrindo.
Um levava-a aos jantares, o outro a fazia sentir fome.
Um paletó e gravata, outro bermuda, e chinelão.
Um a fazia sentir uma brisa,
o outro, raios, chuvas, tempestades.
Um na mesma posição,
o outro cama, chuveiro e chão.
Um rezava de mãos dadas, o outro infernizava a amada.
Um com mãos finas e crina penteada,
o outro mãos ásperas tocando a cintura, cabelo raspado então.
Um ligava, quero te ver,o outro dizia canalha: vadia, vou te fuder.
E a Flor se completava, tinha em si duas verdades, queria ser amada por inteiro, nunca pelas metades, tinha a santidade e a vulgaridade dentro de si. Realizava as fantasias todas, de ser dona de casa, respeitosa, e de gemer como uma louca no cio.Era completa e quando descia a ladeira sorrindo, era invejada, por andar dormindo, com dois homens que formavam um completo e inexistente ser.E não raro se gritava: Lá vai o Brasil, na Brasileira, descendo a ladeira, ladeira.
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