Meus pés já andaram tanto, desde que os joelhos perceberam que não serviam para me levar pelo mundo afora. Dai andei. Desequilibrado pela força da natureza. Até que a mesma se desse conta de que eu já não precisava dela. Pegaram-me pelas mãos, até que perceberam que já não precisava desta segurança. Caminhei por lugares escuros, incertos, inóspitos. Pela beira do mar tantas vezes, com os olhos cerrados, sentindo mínimas ondas refrescarem-me. Há, como andei no asfalto, desviando de pedras soltas das calçadas preto e branco de Santos. Sim, andei, carregando o peso de livros, instrumentos musicais. Andando tantas vezes me cansei. Até que novamente me deram a mão, e me conduziram. Meus pés aos poucos portavam não só a mim mesmo, mas há tantos outros, em movimento diferenciado, pisa aqui, pisa alí, pisa fundo. Soltaram minhas mãos. Neste tempo caminhei por noites escuras, em um primeiro momento maravilhado e logo após usar desta maravilha não tão maravilhosa, andei de novo na claridade.
Andei incansávelmente em busca de sonhos. Os achei. Recomeçando a caminhar. Cansei de andar só. Dai veio a primeira e caminhamos juntos por 2 anos seguidos. Quando o caminho não era o mesmo, nos deixamos, sem olhar para trás, sem feridas, sem saudades. Caminhei sozinho outra vez... Foram passos tristes, sem vida, até que derrepente, sem saber de onde vinha a força, revi a luz do sol, colorindo as casas nos entornos que me constituiam. Caminhei com vida e a vida caminhou comigo. Até que meus passos foram seguidos. Seis anos e pouco então se sucederam. Eu não queria caminhar mais sem ela. E por um tempo segui seus passos. Já não podiamos andar juntos, e sequer lembro seu olhar. Sim, foi triste, sombrio, misterioso, impensado. Mas então engatinhei novamente, meus joelhos, meus joelhos... A bengala me acompanhou um tempo. Terceiro pé, para um jovem de coração partido. Mas foi ela, a bengala que pode me deixar novamente na condição Homus Vivendus. Agora caminho novamente só. Tenho esperanças, quero tê-las, todas... Mas a vida nos faz aprender que a maior das caminhadas se faz sozinho, olhando a beleza em nossa volta, refazendo o olhar e muitas vezes devagarzinho, quando na verdade se quer correr. Vou vivendo o sonho. Seria melhor dizer caminhando o sonho. Muitas vezes com os pés no ar, outras com os pés na terra, mas sempre caminhando. Sofrimentos são espaços, tantas vezes preenchidos por vírgulas, em um texto que é a vida.
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